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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Imagens ²

Essas imagens retratam tempos antigos, em pinturas de telas, de alguns famosos pintores.







Rodrigo Almeida

Cantigas de Amor

Este tipo de cantiga tematiza a confissão amorosa do homem em relação a uma mulher geralmente lamentando o seu sofrimento de amor ( coita) diante da indiferença da mesma . Sendo o homem quem fala , costumamos dizer que se trata de um "eu-lírico"masculino .

O amante posiciona-se inferiormente à mulher , divinizando-a , a ponto de se estabelecer uma relação de "senhor"para vassalo . Ela é o seu "senhor"( não existia a palavra "senhora") , dona do destino do apaixonado , o qual busca um a linguagem e atitudes cuidadosas para não ofendê-la , inclusive , omitindo , o nome da amada . Esse comportamento e essa relação caracterizam o amor cortês , em que a mulher é sempre vista como merecedora de todas as atenções , gentilezas e considerações da parte daquele que a deseja .

A posição de inferioridade , em que se coloca o apaixonado , torna quase sempre a sua cantiga um lamento , expressão do sofrimento amoroso . Esse sentimento era chamado de coitas . A insistência com que essa temática aparece nas Cantigas de Amor torna-as repetitivas . Apesar disso , a Cantiga de Amor , foi o tipo de produções mais importante dentre as cantigas . Em primeiro lugar por ter sido produzido por compositores ligados à nobreza , o que , quase sempre , garante maior riqueza vocabular e estruturação técnica de melhor qualidade . Em segundo lugar , por se dirigir a um público mais culto . Veja o texto abaixo :

"Tam grave dia que vos conhoci ,

por quanto mal me vem por vós , senhor !

ca(1) me ven coita , nunca vi mayor ,

sen outro ben, por vós , senhor , des i (2)

por este mal que mh'a mim por vós ven ,

come se fosse bem , ven-me por em

gran mal a quem nunca o mereci .



Ca , mha senhor , porque vos eu servi ,

sempre digo que sode'la(3) milhor

do mund'e trobo polo (4) vosso amor ,

que me fazedes gram ben e assy

veed'ora(5) mha senhor do bon sen , (6)

este bem tal se compre (7) en mi rrem (8) ,

senon , se valedes vós mays per y (9) .

Mais eu , senhor , en mal dia naci .

del que non tem , nem é conhecedor

do vosso bem , a que non fez valor

Deus de lho dar , que lhy fezo bem y ,

per, (10) senhor , assy me venha bem ,

deste gram bem , que el (11) por ben non tem ,

muy poyco del seria grand'a mi .



Poys, mha senhor , rrazon é , quand'alguen

serv'e non pede , já que rem lhi den ;

eu sservi sempr'e nunca vos pedi. "

(D. Afonso Sanches )



Vocabulário : 1-porque ; 2-desde então ; 3-vós sois ; 4-trovo pelo ;

5-vede a hora ; 6-bom senso ; 7-se cumpra

Rodrigo Almeida

Letra de Música


Musica: Branca (Trovadores do Vento)

Vento vadiando pelo norte
em direção do barro forte da via
ainda longe das horas de um dia negro
não vai terminar
chuva na conversa para o tempo se acalmar
andar
tão longe de você
sem esse brilho nos olhos
sambar.

Antes que se perca a cabeça
em um ninho de vespas
latir
os braços passam a sentir todo desprezo
sem lacrimejar
alma corrompida pelas quatro estações do ano
agora a perder
na fumaça da janela
planos.

Deixar no carpe aquele cinza
no espelho a imagem que é linda
come o pão que diabo amassou
e não se firmou
toda essa entrada desalmada do teu mar
abre
entrega pra quem tem
do seu nobre coraçãozinho
a chave.

É só encontrar esse tal cheiro
para entrar no desespero de quem
sofre o dom de ter nascido cantador
na alma o valor.
Rosa que descansa eternamente em sua cama
mancha
gostam-se mesmo assim
amor não é mais pecado
Branca?
Branca!
Branca...

Rodrigo Almeida

Conclusão - Rodrigo Almeida


Entendi que o Trovadorismo é uma manifestação da literatura Brasileira, Surgiu no século XII, na idade média. Portugal estava em seu começo de processo de formação nacional.

E que o marco inicial do Trovadorismo foi a “Cantiga da Ribeirinha” (também conhecida como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós em 1189. Esta fase da literatura portuguesa foi até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.

Rodrigo Almeida

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Conclusão - Ana Carla

Eu conclui que o trovadorismo se trata da primeira manifestação literaria da lingua portuguêsa.
Onde encontramos muitas obras fantásticas e extraordinarias de grandes poetas escritores, musicos, artistas...

Posso concluir que o trovadorismo é uma verdadeira e grandiosa obra literaria da nossa lingua que inspirou muitos artistas famosos e bem vistos pela sociedade como por exemplo a música Dona de Roupa nova que particulamente eu adoro .

Conclusão


Bom, trovadorismo foi a primeira escola literária de que se tem noticia. Teve inicio em Portugal. As obras eram feitas pelos homens, especialmente quem fazia parte do clero, nobres, eram escritas em galeco-português e apresentavam a seguinte divisão:- líricas : ~ cantigas de amigos: o eu-lírico era feminino, surgiu no campo, tinha como tema a saudade do companheiro/amigo/namorado/marido que havia partido para a guerra ou expedições marítimas.~ cantigas de amor: eu lírico masculino, surgiu em Provença, na corte, tinha como tema principal um amor impossível, um amor de um plebeu por um mulher da nobresa, o nome da musa não era citado, muitas vezes era criado outro nome para ela.

- satíricas: Esse tipo de cantiga procurava ridicularizar pessoas e costumes da época com produção satírica e maliciosa. As cantigas de escárnio são críticas, utilizando de sarcasmo e ironia, feitas de modo indireto, algumas usam palavras de duplo sentido, para que, não entenda-se o sentido real.

As de maldizer, utilizam uma linguagem mais vulgar, referindo-se diretamente a suas personagens, com agressividade e com duras palavras, que querem dizer mal e não haverá outro modo de interpretar. Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas, as questões e ironias que os trovadores se lançam mutuamente.

Música sobre Trovadorismo

Música: Dona (Roupa Nova)
Composição: Sá & Guarabyra

Dona desses traiçoeiros, Sonhos sempre verdadeiros
Oh!

Dona desses animais Dona dos seus ideais
Pelas ruas onde andas
Onde mandas todos nós
Somos sempre mensageiros
Esperando tua voz
Teus desejos, uma ordem
Nada é nunca, nunca é não
Porque tens essa certeza
Dentro do teu coração
Tan, tan, tan, batem na porta
Não precisa ver quem é
Pra sentir a impaciência
Do teu pulso de mulher
Um olhar me atira à cama
Um beijo me faz amar
Não levanto, não me escondo
Porque sei que és minha Dona!!!
Dona desses traiçoeiros
Sonhos sempre verdadeiros Oh!
Dona desses animais
Dona dos seus ideais
Não há pedra em teu caminho
Não há ondas no teu mar
Não há vento ou tempestade
Que te impeçam de voar
Entre a cobra e o passarinho
Entre a pomba e o gavião
Ou teu ódio ou teu carinho
Nos carregam pela mão
É a moça da CantigaA mulher da Criação
Umas vezes nossa amiga
Outras nossa perdição
O poder que nos levanta
A força, que nos faz cair
Qual de nós ainda não sabe
Que isso tudo te fazDona! Dona!Dona! Dona! Dona!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Conclusão Danielly

Com esse trabalho eu tive a conclusão o trovadorismo foi uma manifestação literária da língua portuguesa que expressa sentimentos atraves de cantigas de amor, de amigo.

De escárnio, maldizer e sobre o trovadorismo. As imagens são de pessoas que estão tocando instrumentos, ou seja, expressam cantigas e poemas.

Conclução - Raissa


A Conclução que eu chegui a tirá foi a segunti o trovadorismo é a primeira manifestação da lingua portuguesa e que sua classificação e feita da seguite maneira.

gêneros liricos
cantiga de amor
cantiga de amigo
gênero satírico
cantigas de escánio
cantigas de maldizir

sábado, 15 de agosto de 2009

trovadorismo


O que é Trovadorismo


Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.

Contexto Histórico

Momento final da Idade Média na Península Ibérica, onde a cultura apresenta a religiosidade como elemento marcante.
A vida do homem medieval é totalmente norteada pelos valores religiosos e para a salvação da alma. O maior temor humano era a idéia do inferno que torna o ser medieval submisso à Igreja e seus representantes.

São comuns procissões, romarias, construção de templos religiosos, missas etc. A arte reflete, então, esse sentimento religioso em que tudo gira em torno de Deus. Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica.

As relações sociais estão baseadas também na submissão aos senhores feudais. Estes eram os detentores da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder absoluto sobre seus servos ou vassalos. Há bastante distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a superioridade de uma sobre a outra.

O marco inicial do Trovadorismo data da primeira cantiga feita por Paio Soares Taveirós, provavelmente em 1198, entitulada Cantiga da Ribeirinha.

As origens do trovadorismo

São admitidas quatro teses fundamentais para explicar a origem dessa poesia: a tese arábica, que considera a cultura arábica como sua velha raiz; a tese folclórica, que a julga criada pelo próprio povo; a tese médio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origem na literatura latina produzida durante a Idade Média; e, por fim, a tese litúrgica, que a considera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época. Todavia, nenhuma das teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos na posição de aceitá-las conjuntamente, a fim de melhor abarcar os aspectos constantes dessa poesia.

A mais antiga manifestação literária galaico-portuguesa que se pode datar é a cantiga "Ora faz host'o senhor de Navarra", do trovador português João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia, composta provavelmente por volta do ano 1200. Por essa cantiga ser a mais antiga datável (por conter dados históricos precisos), convém datar daí o início do Lírica medieval galego-portuguesa (e não, como se supunha, a partir da "Cantiga de Guarvaia", composta por Paio Soares de Taveirós, cuja data de composição é impossível de apurar com exactidão, mas que, tendo em conta os dados biográficos do seu autor, é certamente bastante posterior). Este texto também é chamado de "Cantiga da Ribeirinha" por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha. De 1200, a Lírica galego-portuguesa se estende até meados do século XIV, sendo usual referir como termo o ano de 1350, data do testamento do Conde D. Pedro, Conde de BarcelosD. Pedro de Barcelos, filho primogênito bastardo de Dinis de PortugalD. Dinis, ele próprio trovador e provável compilador das cantigas (no testamento, D. Pedro lega um "Livro das Cantigas" a seu sobrinho, D.Afonso XI de Castela).

Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.

A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a estrutura da cantiga de amigo, em que o amor espiritual e inatingível é retratado.As cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas em coletâneas de canções chamadas Cancioneiros (livros que reuniam grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros galego-portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana". Além disso, há um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X de Leão e Castela, O Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara e as novelas de cavalaria, como A Demanda do Santo Graal.

Raissa Silva

classificação das cantigas



Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros, podemos classificá-las da seguinte forma:
Gênero lírico
- Cantigas de amor
- Cantigas de amigo
Gênero satírico
- Cantigas de escárnio
- Cantigas de maldizer


A cantiga de amor

O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível.
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício (referido como o bem nas trovas).
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada. Existem dois tipos de cantigas de amor: as de refrão e as de mestria, que não tem refrão.

Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):

"A dona que eu tenho am'e pelo Senhor amostrade-a-me Deus, você está no por prazer, é não-Dade-me à morte. Para tenh'eu por lume d'estes olhos meus Chora e sempre (e) amostrade-a-me Deus, é não-Dade-me à morte. Essa fezestes melhor que se parecem Quanta sei, oh Deus, fazede veer-a-me, é não-Dade-me à morte. Oh Deus, eu ca-fezestes um min, mas o amor, mostrade-me-um ser humano possa falar com ela, é não-Dade-me à morte. "

Eu lírico masculino.
Ausência do paralelismo de par de estrofes e do leixa-pren.
Predomínio das idéias.
Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico perante uma mulher idealizada e distante.
Amor cortês; convencionalismo amoroso.
Amor impossível.
Ambientação aristocrática das cortes.
Forte influência provençal.
Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de tratamento "senhor"".

A cantiga de amigo

São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (amigo = namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.

Exemplo (de D. Dinis)

"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"
(...)

Eu lírico feminino.
Presença de paralelismos.
Predomínio da musicalidade.
Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado partiu.
Amor natural e espontâneo.
Amor possível.
Ambientação popular rural ou urbana.
Influência da tradição oral ibérica.
Deus é o elemento mais importante do poema.
Pouca subjetividade.

A cantiga de escárnio

Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz

Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!... (...)


Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada não é identificada.
Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e ambiguidades
Ironia

A cantiga de maldizer

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.


Exemplo de cantiga Joan Garcia de Guilhade

"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"

Este texto é enquadrado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não cita-se o nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga de Maldizer, pois contém todas as características diretas como sátira da "Dona". Existe a suposição que Joan Garcia escreveu a cantiga anterior uma senhora que reclamava por ele não ter escrito nada em homenagem a ela. Joan Garcia de tanto ouvi-lá dizer, teria produzido a cantiga.

Raissa da Silva

Poema


Quero à moda provençal fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam nem bondade; e mais vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de qualidades que ela mais que todas do mundo.

Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor, e além de tudo isto é muito sociável quando deve; também deu-lhe bom senso, e desde então lhe fez pouco bem impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal, mas pôs nela honra e beleza e mérito e capacidade de falar bem, e de rir melhor que outra mulher também é muito leal e por isto não sei hoje quem possa cabalmente falar no seu próprio bem pois não há outro bem, para além do seu.


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